Em sua recente estadia em Porto Alegre (RS), onde chegou dia 12 de fevereiro corrente, causou estranheza nos novos administradores do Salgado Filho que passaram a vigiar a irmã Isaura de perto. Não tardou para abordarem a irmã e, recomendar que falasse mais baixo no saguão do aeroporto. Ela costuma ocupar uma mesa na praça de alimentação, onde recebe pessoas que param para conversar com a missionária que anda sempre com um carrinho do aeroporto, decorado com salmos bíblicos, escritos em cartolinas coloridas.
Irmã Isaura não costuma abordar ninguém. Responde as pessoas que há procuram, interessadas em conhecer o seu trabalho. Seu casaco bege, bem usado e encardido, chama atenção de alguns. A sujeira impregnada no tecido é simbólica, proposital. Irmã Isaura é asseada. Não dispensa frascos de álcool que costuma carregar em sua bagagem, para sua higiene pessoal. A sujeira no casaco é explicada num cartaz como sinônimo de desobediência de leis cristãs. Falta de amor ao próximo, violência, vida desregrada, poluição do planeta são vistos pela irmã Isaura como sujeira que poderíamos evitar. E, sentencia: "- E, muitos estão preocupados com a sujeira no meu casaco..."

Se você encontrar a irmã Isaura Lima Lopes em algum aeroporto, não sinta vergonha de sentar ao lado da "velhinha mais feliz do Brasil", como ela costuma se definir como se sente pregando o evangelho cristão, para conversar um pouco com ela. Mas não esqueça, ela não pode lhe ouvir. Fale pausadamente, olhando para ela fazer a sua leitura labial ou escreva numa folha o que você quer dizer.
Por fim, quero agradecer a irmã Isaura, um título de grande responsabilidade que ela me deu, em nossa última conversa. Olhou-me com a ternura e simpatia que lhe é peculiar e falou: "- Irmão Medina. Quando nos formos para a nossa morada celestial, o senhor vai ser jornalista de Jesus. Ele gosta muito do senhor..." Amém! Aleluia. Amém, aleluia. Amém, aleluia.
Aroldo Medina
P.S. As companhia aéreas, sem exceção, devem ser sempre amáveis com a irmã Isaura. Compreender que sua idade avançada e surdez exige 100% de cordialidade e atenção, como requerem todas as pessoas portadoras de necessidades especiais.