sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Dona Terezinha

Corto o cabelo com o Gringo, no centro de Porto Alegre, há 29 anos, desde que ingressei na BM, em 1986. A dona Terezinha (da Rosa), natural de Boqueirão do Leão (RS), onde nasceu em 1955, também trabalha no salão, como manicure. Faz uns doze anos que ela me convenceu a fazer as unhas, enquanto corto o cabelo.
Hoje ouvi uma história interessante, relatada pela dona Terezinha. Ela sempre pergunta pela minha mãe e depois, religiosamente, quer, igualmente, notícias da Natália.
Dona Terezinha é mãe de quatro filhos e vó de seis netos. Chamada para socorrer um neto de sete anos que andava mal nos estudos, constatou que o jovem estava bem atrasado no aprendizado. Avocada para si, a missão de professora "ad hoc", passou logo a tabuada pro guri que manhoso, não tardou em reclamar que estava cansado, logo nos primeiros minutos da aula particular. Dona Terezinha não hesitou: "De pé. Ora o que é isso? Passa dormindo e ainda alega cansaço. Essa não! Fica de pé e não resmunga." Determinou a vó, com a sexta série primária, doutorada na vida.
O guri ainda tentou um recurso, muito comum nos dias de hoje. Protestou contra a ordem da vó. Ela ratificou a ordem e agravou sua sentença: "- Agora, além de tu ficares de pé, já; pega esse livro aqui (um dicionário) e levanta ele acima da tua cabeça, com o braço esticado, por sete minutos, para mandar essa preguiça para bem longe de ti, malcriado". Como a vó, usou sua "voz de comando" mais severa e, ainda fulminou o guri com aquele antigo "olhar petrificador", o moço de sete anos levantou, pegou o livro e o ergueu acima da cabeça. Passado um minuto da inusitada lição, quis saber por que sete minutos? A vó, serena, olha com amor o neto e responde: "O tempo corresponde a tua idade. Quanto mais velho, mais vai pesar a tua responsabilidade".
A professora da escola frequentada pelo neófito aprendiz da dona Terezinha ficou encantada, com o novo rendimento do seu aluno, melhor disciplinado, em sala de aula.

Aroldo Medina

Em tempo, para refletir: a dona Terezinha também entende que a Internet esta viciando cada vez mais as pessoas, especialmente as crianças. Esclarece que não é contra sua utilização, mas o seu uso continuado é viciante. Observa que o fenômeno do indivíduo estar conectado o tempo todo, faz ele se relacionar mais com o computador do que com as pessoas propriamente ditas. Na opinião dela a Internet "eletriza", agita o sujeito, independente da idade, tornando ele muito mais ansioso. 
Se a pessoa não consegue se conectar, na hora que ela quer, normalmente, fica irritada, não raras vezes descontando, com outros motivos, em quem esta na volta. E, os relacionamentos que estão indo por água abaixo, em função de flertes ou mesmo namoros virtuais? Pergunta a dona Terezinha. O título de "babá eletrônica", antigamente era da televisão. Hoje, o computador desbancou a TV como "cuidadora de crianças".

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