segunda-feira, 23 de maio de 2016

Caridade

Porto Alegre, Praça da Alfândega, 08:43 horas, tempo nublado, sensação térmica de muito frio, com vento congelante. Dirijo-me a Policlínica Odontológica da BM, próxima ao QG da Brigada. Percebo um homem caminhando na minha direção. Rápido. Fixo meu olhar nele. Distante de mim ele fala: "- Chefe! Quanto tempo."

Ao se aproximar, frusta seu semblante, recua e, pede desculpas. Confundiu-me com outra pessoa. Prepara-se para ir embora. Eu o chamo de volta, fazendo um sinal com a mão. Pego minha carteira no bolso da calça, tiro dez reais e lhe alcanço, surpreendendo o morador de rua que abre um largo sorriso e diz com entusiasmo: "- Hoje, vou almoçar bem. Obrigado!" 

Olho o rapaz de vinte e poucos anos, com alegria no coração e, só escrevo sobre este gesto que deve ser anônimo, porque recebi do desconhecido morador de rua, um presente inesperado que desejo compartilhar a felicidade que me proporcionou. Ele pulou na minha direção, me deu um beijo no ombro e saiu saltitando, erguendo a nota de dez reais, cantarolando "- Hoje, eu vou almoçar bem. Hoje, eu vou almoçar bem".

Aroldo Medina



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