segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Iotti e a politica em 2018.

Gosto muito das charges do Iotti. As sacadas dele são 10. Esta então, acertou em cheio numa visão que compartilho com ele. Muitos podem até não compreender a provocação do desenho ou até mesmo discordar, por não ter o hábito de refletir sobre estas contradições no comportamento do eleitor.

Esta charge é uma síntese extraordinária do resultado final das eleições no Brasil, nos últimos 30 anos. Talvez mais. O Iotti subiu na estratosfera e rabiscou uma foto ampla do caráter das eleições brasileiras.

Eu vejo no desenho, irmãos gêmeos. Somos livres para interpretar a figura, felizmente. Democracia é democracia. Doa a quem doer. Certamente haverá quem pense que o bonequinho na charge é o mesmo, em momentos  diferentes. Aí o bicho pega. O cara é bipolar ou é totalmente sem caráter. Até podemos aduzir que existem eleitores assim. Espero que sejam uma minoria. Por isso, prefiro pensar em irmãos gêmeos.

O bonequinho de camiseta amarela representa bem eleitores da classe média que fazem propaganda e compartilhamentos para anular o voto, votar em branco e, agora, a última moda, se abster de votar. A multa é pequena, em torno de R$ 3,50. Sim, três reais e cinquenta centavos. Para muitos parece ser melhor aproveitar o "feriado" da eleição, para passear, afinal de contas os políticos não merecem o voto que pedem. Crápulas, sem vergonha. Há quem diga até que na eleição de 2018 teremos recordes em abstenções. Então vamos merecer mesmo, o que vier das urnas.

O outro eleitor na charge, o de camisetinha branca, o que negocia o seu voto, vota no rato. A moeda de troca é vasta, nessa negociação. Varia de dinheiro vivo até uma lista quase infinita, nesse histórico balcão da eleição, onde esse eleitor, aproveita a oportunidade para pedir ao seu candidato e, pasmem, normalmente ganha mesmo: material de construção, cestas básicas, dentaduras, óculos, par de calçados, conserto do carro, corte de cabelo, roupas, botijão de gás, pagamento da conta de água, luz, telefone, cartão de crédito, festa de aniversário, despesas de funeral, churrascada, cervejada, cachaçada, etc. Vou parar por aqui, porque a lista é longa. Entenderam porque aqueles caras investigados na Lava Jato precisam de tanto dinheiro?

Assim temos, de um lado o eleitor "mais esclarecido", de camiseta amarela, com melhor grau de instrução que fica bravo se a gente disser que é analfabeto político e que vai ficar indignado comigo, ao ler esta desditosa crônica. Aquele que adere a campanhas para anular o voto, votar em branco ou se abstém de votar. O mesmo que embarca na canoa furada do argumento daquelas correntes que dizem que se todo mundo anular o voto ou votar em branco, vai ter nova eleição, com outros candidatos.

Do outro lado, vamos encontrar o eleitor da periferia, cuja renda não se enquadra na classe média, o que aceita negociar. Talvez até o trabalhador desempregado. O que decide a eleição votando no rato que compra votos. Não é a toa que a renovação das vagas nas câmaras e assembleias, raramente ultrapassa a casa dos 20%. Dois terços dos candidatos são reconduzidos aos cargos.

Então torcemos a cara e vamos continuar reclamando dos políticos aproveitadores dessa cultura que o Iotti sintetizou num único desenho, assistindo no sofá da sala, os mesmos sendo reeleitos, perdendo a maior chance que temos de mudar tudo o que achamos errado, votando no dia da eleição, escolhendo um candidato que reflita o caráter de honestidade e capacidade para o trabalho, de milhares de bons brasileiros.

Aroldo Medina


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