ABORDAGEM POLICIAL. O assunto que vou tratar é polêmico mas necessário. Um amigo, professor universitário, me ligou hoje a tarde, para relatar um incidente com a Brigada Militar que represento ao lado de centenas de próceres brigadianos da ativa e da reserva, cujo profissionalismo é exemplar.
Uma manobra no trânsito, próxima de uma viatura da BM, em deslocamento, ensejou a abordagem. De arma em punho, o PM determinou o desembarque do motorista abordado, procedeu a busca pessoal e revistou o carro. Nada encontrando, liberou o motorista, com uma advertência verbal sobre a manobra que ensejou a abordagem.
Relatando assim, sucintamente e, com objetividade, parece tudo certo. Porém, o problema surge quando a narrativa é complementada pela intempestividade verbal e corporal do policial armado.
Sempre oriento minha filha, amigos e amigas deste importantíssimo espaço virtual e, na vida real, a se portarem da seguinte maneira numa abordagem policial:
1) Atenda sempre todas as ordens verbais do policial que faz a abordagem. Ele pode estar sozinho ou acompanhado de outros policiais;
2) Não faça questionamentos ao policial ou qualquer movimento brusco, durante a abordagem e, principalmente, durante a busca pessoal e a revista do veículo. Busca pessoal é quando o policial revista a pessoa;
3) Ao parar numa barreira policial, desligue o motor e, a noite, acenda a luz interna, junto ao para sol do veículo;
3) Ao parar numa barreira policial, desligue o motor e, a noite, acenda a luz interna, junto ao para sol do veículo;
4) Durante a abordagem responda com calma e clareza, a todas as perguntas do policial, mesmo aquelas que pareçam estranhas;
5) Terminada a abordagem, se houver necessidade, você pode perguntar o que motivou a abordagem. Se o policial não responder, não discuta com ele;
6) Caso considere a abordagem abusiva, não adianta discutir com o policial naquele momento. Se houver discussão, a situação tende a piorar. Sua melhor resposta é o silêncio e a educação, neste momento da abordagem.
7) Em caso de abordagem abusiva, tente ver o nome do policial. O nome deve estar bem visível na farda, como determina nosso regulamento disciplinar. Se não esta a vista é motivo de preocupação. O nome não estando visível, não pergunte-o ao policial. Preste atenção nas suas características físicas e observe bem sua viatura, procurando memorizar seu prefixo ou placa, marca e modelo de veículo, local e hora da abordagem. Com estes dados é possível identificar a guarnição. Procure então a Corregedoria da BM, cuja central fica na Rua dos Andradas, nº 522, no centro de Porto Alegre (RS);
8) Caso considere grave, algo que tenha acontecido durante a abordagem, procure uma Delegacia de Polícia e faça um registro sucinto e objetivo do que aconteceu.
O lado do policial que aborda. A arma em punho é recomendada sempre que haja uma fundada suspeita do policial, relacionada a pessoa abordada. Ela visa neutralizar uma possível reação agressiva do abordado, contra a integridade física do policial.
Embora sejamos formados e treinados para termos controle emocional absoluto, no exercício da profissão, isso se chama disciplina, associada a boa educação, com imparcialidade e razoabilidade, o policial seja civil ou militar no Brasil, tem exercido seu ofício em condições bem adversas.
No RS temos policiais sobrecarregados. Não há uma política de Estado para inclusões permanentes que deveriam ser anuais. Depois de 30 anos de serviço, os policiais, merecidamente, se aposentam e, não são culpados da crise financeira no Estado. Os que ficam na ativa trabalham por dois ou três, como esta ocorrendo atualmente. Disso decorre grande sobrecarga emocional. Ao lembrar isso, de maneira nenhuma quero justificar qualquer abordagem onde o policial meta os pés, pelas mãos.
Aroldo Medina
Tenente-Coronel RR da BM
30 anos de serviço policial militar
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