quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Édalo Neuhaus

 

Eu e o seu Édalo somos vizinhos há 40 anos, na rua Mato Grosso, no bairro Mathias Velho, em Canoas. O seu Édalo tem 85 anos. É natural de Garibaldi (RS). Sua família morava na Linha Boa Vista, hoje município de Boa Vista do Sul.

Vizinho exemplar. Ajuda a todos. Uma referência de honestidade no bairro. Trabalhador nato. Esta sempre na lida, fazendo algum serviço em sua casa. Ao longo da sua vida trabalhou como comerciário, sempre granjeando a confiança dos seus patrões, por sua integridade e eficiência. Destacou-se no comércio como bom vendedor. Seu conhecimento do reino vegetal é reconhecido na vizinhança. Tem uma horta com diversas plantas medicinais.

Combinei com o seu Édalo que ele me ligasse quando precisasse de alguma ajuda. Raramente me liga. Hoje, no início da tarde, ligou. Não vi sua ligação, imediatamente. Quando a vi, retornei e, como o seu Édalo não atendeu, fui até a casa dele. Ele estava na frente de casa, atendendo um grupo de cinco pessoas. Eram dois homens e três mulheres. Parei há uns cinco metros do grupo. Seu Édalo não tardou em perceber minha presença e, apresentou-me como seu vizinho.

O grupo olhava uma sala, construída pelo seu Édalo, para aluguel, na frente do seu terreno. Sua casa de moradia fica nos fundos. Acompanhei, em silêncio, o diálogo, em andamento. Ao se despedirem, parte do grupo que visitava seu Édalo se dirigiu e embarcou num carro estacionado, nas proximidades. Caminhei até a beira da calçada e tirei uma foto com o meu celular, da placa traseira do veículo. Em poucos segundos, uma das mulheres desembarcou questionando a foto.

Expliquei que era para segurança do seu Édalo. Alterou-se e argumentou que não eu não estava autorizado a tirar foto do carro dela. Argumentei que eu não precisava de autorização para tirar foto de um carro estacionado em via pública, nas circunstâncias em tela e, comentei que achava bem estranha sua reação, pois, eu estava ali guardando por um idoso que me chamou para acompanhá-lo.

Como a mulher continuava alterada, informei-lhe minha condição policial militar. Pediu para ver minha carteira. Prontamente apresentei a ela minha identidade funcional e, solicitei que ela também me mostrasse sua carteira de identidade. A mulher entrou no carro e foi embora, visivelmente, contrariada.

Olhei para o seu Édalo e o convidei para tomarmos um chimarrão na sua casa. Na prosa que se seguiu descobri que pretendia alugar o imóvel direto para os supostos interessados. Convenci o seu Édalo a colocar o imóvel em uma imobiliária. "O seguro morreu de velho".

Aroldo Medina




Seu Édalo Neuhaus mostrando umas fotos antigas da sua família.

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