Macromix inaugurou nesta sexta-feira, dia 28/07/2017, loja
em Canoas, no bairro Marechal Rondon, rua Liberdade, 1381. Junto com minha
filha Natália e o namorado dela, o Rolthiem fomos conferir a novidade. Chegamos
na loja, 21 horas. Estacionamento cheio. Supermercado repleto de clientes como
nós, em busca de bons preços.
Fomos bem recebidos, começando pelo funcionário que ajudava a coordenar o estacionamento dos carros que chegavam em fila que depois, igualmente se repetia nos caixas. Dentro do mercado o burburinho característico de inauguração. Carrinhos circulando em todas as direções. Parecia aquele trânsito intenso de bicicletas na China que ninguém entende como funciona tão bem a circulação, sem ninguém se bater ou mesmo precisar de sinaleira para orientar o fluxo.
Ficamos na dúvida se fazíamos ou não umas comprinhas porque a fila no caixa assustava mesmo. Paramos na vitrine das carnes, olhando através dos vidros transparentes, como cachorros que ficam namorando aquela máquina que assa o frango girando.
Fui empurrando o carrinho me afastando da tentação e conversando com a Natália e o Rolthiem, se valia mesmo a pena enfrentar a famosa fila de inauguração da loja que estava bem organizada e iluminada, com ótima climatização, corredores amplos, um pé direito bem alto, dispondo de funcionários bem atenciosos.
Fui parar na seção de bebidas importadas, olhando, ao vivo, aquelas pilhas de vinhos chilenos do tipo Concha e Toro Reservado. Leve 3 e pague menos. De R$ 29,00 pague R$ 26,00. Como eu vinha adiando a compra de uns vinhos porque as vacas não andam muito gordas, procurando uma desculpa para me jogar barranco abaixo, meus olhos acharam nas prateleiras dos vinhos, um conjunto de pequenos cartazes anunciando o bazar em seis vezes no cartão da loja e em três vezes nos demais cartões.
O departamento de recursos humanos do Macromix acertou totalmente na seleção dos funcionários de cada seção dessa loja. Botei no carrinho, várias garrafas do meu vinho preferido, empolgado com a leitura do cartaz que anunciava genericamente o bazar, em seis e três parcelas, dependendo do cartão e, voltei na vitrine das carnes bovinas, para namorar com elas. Um abastecedor do setor, atento ao meu interesse pelo produto, pegou uma costela daquelas que não tem como dizer não e com muita gentileza e simpatia, abordou-me, colocando a dita cuja na minha mão, falando ainda sobre as qualidades daquela “supimpa”. Rendido a cordialidade do funcionário, peguei e não larguei mais o osso carnudo e ainda peguei outra costela, só para aquela não ficar sozinha depois, na fogueira em brasa.
Com o vinho e a carne no carrinho, a Natália se encorajou e fez umas compras também. Depois de circular uma hora dentro da loja, somos para a insolente fila. Bravamente mantivemos nossa posição, até sermos bem atendidos pela jovem moça do caixa que não deixava transparecer o sufoco que deveria ter sido o seu dia. As compras foram passando. Um item se duplicou e, prontamente veio a fiscal de caixa fazer o estorno do valor indevido. A fiscal muito simpática também.
A régua passou, entreguei o cartão e veio a surpresa de que não havia parcelamento dos vinhos. Pensei por uns instantes, levo ou deixo a bebida supérflua, enquanto era esquadrinhado pelos olhares de outros clientes na fila, mandando eu me decidir logo. Fulminado pelo raio laser das retinas humanas que me bombardeavam, o calor na minha face subindo, o gatilho da vergonha que me invadia sem cerimônia, disse para a mocinha passar logo o cartão e concluir a compra, sem devolver o item comprado no calor da emoção despertada, espertamente por aquela propaganda abundante, colocada estrategicamente fora do espaço do bazar.
Antes de sair da loja, procurei o gerente do estabelecimento para lhe parabenizar pelo empreendimento muito bem vindo na cidade de Canoas, elogiar a educação dos seus funcionários, principalmente os trabalhadores com os quais tive contato em sua novíssima loja e, por fim, lhe relatar a expertise daquela propaganda, certamente feita por um funcionário de marketing escolhido a dedo que igualmente deve ter bons conhecimentos de psicologia. O gerente foi um cavalheiro. Jovem educado e bom ouvinte. Ficou de levar o meu relato aos seus superiores. Antes de sair, pedi desculpas ao jovem pela minha desditosa interpretação daquela propaganda que bem poderia ter um anzol como logomarca.
Cheguei em casa, ainda me imaginando um peixe fisgado ou mesmo uma galinha, pega numa
rede. Torceram-me o pescoço, com inteligência, mas a bem da verdade, mataram-me
como cliente. Não pretendo mais nadar, nas águas do Macromix. Saí frustrado
desta minha primeira compra nesta rede. Não sou um peixe muito evoluído.
Aroldo Medina
Aroldo Medina