segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Aba Larga da Brigada Militar

O "Aba Larga" surgiu no Rio Grande do Sul, em 1955, no Comando Geral da Brigada Militar do coronel Ildefonso Pereira de Albuquerque, empossado no cargo pelo engenheiro governador Ildo Menegheti. O Comando da BM escolheu o Primeiro Regimento de Cavalaria da corporação policial militar gaúcha, para ser a sede do novo "Regimento de Polícia Rural Montada".

Em pouco tempo, o regimento dos "Abas Largas" ganhou notoriedade em todo Estado, conquistando a confiança e a admiração do povo gaúcho, pela postura dos seus policiais, imbuídos da missão de fazer o patrulhamento montado, em zonas rurais, combatendo o crime, principalmente, o abigeato. O garbo dos cavaleiros, suas atitudes de cortesia e coragem demonstradas no exercício do policiamento ostensivo, nos campos riograndenses, em 1962, transformaram os policiais em personagens de histórias em quadrinhos criadas por Getúlio Delphino.

As histórias desenhadas por Delphino elevaram ainda mais o moral da tropa do Primeiro Regimento de Cavalaria da Brigada Militar e, seus integrantes passaram a ser vistos como heróis dos gaúchos. Cavalgando pelos campos do Rio Grande do Sul, os "Abas Largas" eram acolhidos pelas famílias que moravam na planície isolada. Era difícil convencê-los a pernoitar na casa dos patrões da propriedade. Homens simples, de origem humilde, preferiam os galpões, o mate amargo, a panela de ferro sob o fogo de chão, cozinhando um carreteiro, em companhia um do outro e do seu cavalo, fiel companheiro de estrada.

Até mesmo um filme foi produzido no RS, em 1962, tendo como tema central, o trabalho desempenhado pelos "Abas Largas". Produzido por Paulo Amaral, cineasta carioca, o longa metragem da Lupa Filmes, dirigido por Sanin Cherques, rodado a partir de Santa Maria e Itaara, com lotações em Porto Alegre e outras cidades gaúchas, esta guardado na Cinemateca Brasileira de São Paulo.

A denominação "Aba Larga" é derivada da aba do chapéu adotado para diferenciar a tropa da unidade criada a partir de um regimento de cavalaria. Daí se evidencia a importância de um chapéu, compondo uma indumentária que cria um personagem na vida real, a partir da cobertura usada na cabeça. Não é difícil aduzir a importância do chapéu na composição do vestuário, pois, é concebido, justamente, para proteger a cabeça e o rosto humanos das intempéries: chuva e sol, vento e calor. O chapéu "Aba Larga" usado pela Brigada Militar é fabricado em feltro. O principal fabricante no Brasil é a Pralana, com sede em Limeira, Estado de São Paulo.

Os "Abas Largas" eram temidos pelos bandidos. Os ladrões de gado tinham pavor deles, pois, sabiam que se topassem com eles, era prisão na certa. Raramente, os bandidos atiravam nos mocinhos, pois, diferente das histórias em quadrinhos, onde os tiroteios pareciam mais comuns, na vida real, se uma horda de malfeitores tinha a ousadia de atirar num "Aba Larga", sabiam que sua sorte estava traçada, não seriam poupados.

Quando foram criados, os "Abas Largas" foram inspirados pela história da Polícia Real Montada do Canadá. Policiais de renome e fama internacional, a polícia montada canadense esta eternizada pelos seus feitos heroicos e de bravura registrada no seu cotidiano de defesa do povo a quem serve com profissionalismo e conduta exemplar. Ética e honra tornam os policiais canadenses, combinados com formação e treinamento constante, agentes da lei de credibilidade popular, similar aquela alcançada pelos Corpos de Bombeiros mais tradicionais.

Os "Abas Largas" ainda fazem parte de nosso cotidiano quando relembramos dos seus feitos, tão heroicos quanto dos seus pares canadenses. Salvando vidas, combatendo bandidos, socorrendo pessoas atacadas por feras, acometidas por doenças ou flageladas em desastres, a polícia montada, na sua constituição orgânica, combinando homem e cavalo, amalgamou um centauro ungido para servir e defender o povo de uma nação, contra ameaças que colocam em risco, a vida das pessoas.

A Brigada Militar possui hoje, sete regimentos de cavalaria no RS, nas cidades de Santa Maria (1 RPMon), Santana do Livramento (2 RPMon), Passo Fundo (3 RPMon), Porto Alegre (4 RPMon), Santiago (5 RPMon), Bagé (6 RPMon) e Santo Angelo (7 RPMon), todos eles são a vanguarda dos "Abas Largas", em nossos dias, embora o chapéu tradicional tenha sido substituído por capacetes de equitação, para dar mais segurança ao cavaleiro.

Para mim é uma honra, vestir o uniforme histórico dos "Abas Largas" relembrando seu significado nos dias de hoje, onde carecemos de mais polícia na rua e nos campos, defendendo a vida e o patrimônio de todos nós. Sua memória permanece preservada pelo Centro Histórico Coronel Pillar, com sede no atual, 1 RPMon (Primeiro Regimento Montado) da Brigada Militar, com sede em Santa Maria (RS).

Aroldo Medina


Fontes de pesquisa: vivência do autor, associadas a leitura de Crônica da Brigada Militar, edição de 1972, de autoria do prócer historiador coronel Hélio Moro Mariante, de saudosa memória e, consulta ao site www.osabaslargas.blogspot.com do coronel Jorge Bengochea, renomado escritor da Brigada Militar.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Natália Medina e a proteção dos animais.

  Natália Medina, presidente do Grêmio Estudantil La Salle Canoas Soube hoje, às 21:00 horas, que minha filha Natália Medina foi denunciada,...