24 horas após ter o veículo furtado por ladrões em Canoas fui informado que o meu carro estava abandonado em Novo Hamburgo, quinta-feira dia 03 de setembro de 2020. Minha belina Ford Del Rey Ghia 1990, placa IEP1I47, cor cinza, impecável dia 02 de setembro, estava agora "depenada", num mato, próximo do CTG Lomba Grande.
Os ladrões levaram suas rodas originais de fábrica, aros e pneus, bateria Moura nova e rádio, reviraram todo interior do veículo, danificaram a ignição e o painel interno, rasgaram o forro do teto, arrancaram o couro em volta do câmbio de marchas, possivelmente a procura de dispositivo corta corrente e rastreador. Ainda danificaram a tampa e a fechadura do porta malas. Veio o guincho e puxou o carro sem rodas. O para-lamas dianteiro direito abriu e ficou com um "pegão" na lataria, o capô dianteiro desalinhou. O óleo do motor desapareceu.
A "ex-B linda" (na foto acima), nas minhas mãos, agora "B feia" depois de passar pelas mãos dos ladrões, foi localizada neste matagal de Novo Hamburgo, a partir dos compartilhamentos de uma postagem que fiz no facebook, reportando o furto. A postagem foi parar no whats de um grupo de proprietários de carros antigos do Vale do Rio dos Sinos. Um dos membros deste grupo compartilhou a postagem com seu irmão que é caminhoneiro e que resolveu dar uma volta nas bandas onde a belina foi encontrada, por ser um local de "desova". A Brigada Militar foi avisada e compareceu no local, providenciando o recolhimento do veículo.
Um amigo do face, Marcelo Fauro, de quem eu comprei a belina, mandou uma mensagem me cumprimentando pela recuperação do automóvel. Respondi que não sabia de nada. O Marcelo então me passou o telefone do Volnei, participante daquele grupo de proprietários de carros antigos, responsável pela localização da belina.
Brasão da BM |
Meu carro tinha dois adesivos com o brasão da BM, um no para-brisa dianteiro e outro no traseiro. Esta marca não intimidou os ladrões e, nem tão pouco fez os brigadianos que compareceram no local em que foi abandonada, suspeitar que o carro pertencia a alguém ligado a Corporação. A belina foi recolhida por volta do meio dia e só fui saber da sua recuperação as quatro da tarde, através do Volnei que tentava me localizar desde as onze horas da manhã.
Sabendo que o carro tinha sido localizado fui para Novo Hamburgo, chegando por volta de seis horas da tarde. O depósito de veículos para onde foi recolhida já estava fechado. Aproveitei para fazer contato com um dileto amigo, Pedro Lione Joras, mestre de obras e, pedir emprestado as quatro rodas da sua belina, para guinchar a minha, no dia seguinte, sem arrastar sua barriga no chão.
Sexta-feira, dia 04 de setembro, nove horas da manhã cheguei na 2 Delegacia de Polícia de Novo Hamburgo, junto com meu irmão Pedro, a fim de pegar a liberação do veículo. Saímos da DP e fomos para o depósito. O Pedro e o Douglas, seu ajudante, equipados com três macacos, colocaram as rodas.
Enquanto esperava o guincho, creio que fui intuído a fazer uma busca na OLX, a fim de comprar 4 rodas e devolver as emprestadas. No primeiro anúncio visualizado, encontrei as rodas furtadas de minha belina, avaliadas em R$ 4.000,00 (quatro mil reais), anunciadas por R$ 1.000,00 (hum mil reais). Não tive a menor dúvida de que eram as minhas rodas, pois, examinando as fotos do anúncio, encontrei um dos aros arranhado. Certa ocasião, ao estacionar a belina, raspei a roda no meio fio da calçada.
O coração disparou. Mostrei o anúncio para meu irmão Pedro Lione, também conhecido como Dione que ficou estupefato. Saímos do depósito, imediatamente, rumando para a borracharia que anunciava as rodas, localizada na avenida Sete de Setembro, 369, em Novo Hamburgo.
No caminho, liguei para o investigador Lopes, agente da 2 DP de NH, pedindo o seu apoio. Prontamente, o policial civil aquiesceu com anuência da sua chefia, delegado Ivair Matos Santos, deslocar com outros agentes, em minha diligência. Aguardei próximo da borracharia, a chegada da Polícia Civil. Associados, eu, o Dione e os policiais civis combinamos a estratégia de chegada, no receptador das rodas furtadas.
Eu e o Dione fomos na frente, para confirmar a disponibilidade das rodas anunciadas por André. Em conversa com o anunciante fui informado que as rodas já tinham sido vendidas. Convenci ele a ligar para o comprador, pedindo que retornasse, informando que as rodas tinham sido vendidas equivocadamente, porque pertenciam a outra pessoa. O comprador relutou em voltar. Orientei o André a dizer que pagaria o dobro pelas rodas, o que motivou o retorno do comprador.
Neste contexto dei o sinal convencionado aos investigadores da Polícia Civil. Chegaram com tudo, como a gente costuma ver nos filmes de ação. Abordagem padrão, com reconhecida autoridade. A casa caiu para os receptadores, principais motores do comércio de peças furtadas.
Prisão em flagrante para Matheus Schroeder, filho do dono da borracharia, o receptador, responsável pela compra das rodas furtadas, adquiridas de um "amigo", por R$ 550,00 (quinhentos e cinquenta reais), envolvido com quadrilha organizada no roubo e furto de veículos, baseada no Vale do Rio dos Sinos.
No momento da prisão feita pela Polícia Civil Gaúcha, honrada pelos investigadores Lopes, Cunha, Alexandre e Azul, membros do efetivo da 2 DP de Novo Hamburgo, fiquei emocionado e feliz, sentindo orgulho da atuação dos policiais civis. Homens de nível superior e linha de frente, seguros de si, em sua ação legal embasada em todos elementos necessários para efetuar uma prisão em flagrante.
Menos um criminoso na rua. E, através do receptador preso, nossa valiosa Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Sul, há de desbaratar mais uma quadrilha que ataca o povo gaúcho, roubando e furtando veículos de trabalhadores cansados de ver o crime compensar.
Avante Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Sul. Perfilo-me diante de vossos agentes e lhes presto minha mais garbosa e sincera continência, em sinal de respeito e elevada consideração. E, ainda, oro, de todo coração para que o mestre Jesus, ao lado de Deus, sempre interceda em vossa proteção, ao lado dos melhores brigadianos que, igualmente, concito a se unirem neste reconhecimento, pelo bem maior de juntos, darmos sempre o melhor de nós, na proteção do grande povo gaúcho e brasileiro.
Aroldo Medina - Oficial Superior da reserva da Brigada Militar.
Aspirante de 1988 na Academia de Polícia Militar - RS.
Nota: para os investigadores da Polícia Civil, policiais experientes no combate ao crime, a impunidade, combinada com a receptação funcionam como os principais motores de impulso do comércio de objetos roubados ou furtados, em qualquer parte do Brasil.
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