domingo, 14 de agosto de 2011

Ivo Medina, meu pai.



Meu pai foi um homem muito presente em minha vida até o dia de sua morte, em agosto de 1988. Nasceu na Terra dos Marechais, São Gabriel, em 16 de setembro de 1928.

Criou-se na estância de minha vó Ilda e do vô Tetê (Paulino de Moura Medina) que não conheci. O pai do meu pai morreu num acidente de trânsito, antes que eu pudesse desfrutar da sua companhia também.

Ouvi muitas histórias sobre a juventude do meu pai, em férias de verão, contadas pelos tios dele, em acampamentos na beira de rios e matas do distrito do Batovi, em São Gabriel. Uma que me fascinava em especial, era ouvir que depois de descobrir um grupo de jacarés, vivendo numa sanga próxima da casa onde morava com meus avós e, sobre a qual havia uma árvore caida. Meu pai passou a freqüentar este local para, de cima da árvore caída, brincar com os bichanos. A primeira coisa que concluí depois de ouvir pela primeira vez essa história é que meu pai era um homem de coragem.

Outro grande valor do caráter de meu pai era sua honestidade, enaltecida por todos parentes e amigos dele que conheci até hoje, ao lado da sua disposição para o trabalho. Papai, um campeão de vendas, trabalhou 10 anos na Gessy Lever e 15 anos na Anderson Clayton, como vendedor especializado, até ser aposentado por invalidez, depois que seu colega de ginásio, doutor Homero Machado, diagnosticou grave problema cardiaco que veio a lhe ceifar a vida, aos 60 anos de idade.

Presenciei o doutor Homero, grande amigo do meu pai, em seu consultório, na Galeria São Luiz, em Canoas, lhe dizer: "- Ivo tens que parar de trabalhar. Estas com um grave problema no coração". A resposta do meu pai: "- Homero. Não posso parar de trabalhar agora. Estou pagando uma casa financiada pela Caixa. Como ficam a Nilva e os guris se eu não puder pagar a prestação da casa?" O doutor Homero replicou: "Se não parares, vais morrer Ivo". A resposta serena do meu pai: "- Só paro depois que pagar a última prestação". Pagou a última prestação. Morreu em casa, fulminado por ataque cardiaco que presenciei. Tentei, em vão, reanimá-lo.

Muitas vezes lhe desobedeci. Não lhe faltou paciência para conversar comigo inúmeras vezes e, ainda dando-me diversos livros, entre eles O Homem que Calculava, de Malba Tahan e textos de Rudyard Kipling, alertando que se eu continuasse a desobedecer minha mãe, não lhe restaria outra alternativa, senão usar sua autoridade de pai e me "passar o laço". Ignorando os avisos de meu pai, levei umas cinco surras em minha meninice, todas merecidas, até ser domado.

Papai não poupava esforços para investir em nossa educação, minha e de meus dois irmãos. Trabalhava, em média, 12 horas por dia, para nos sustentar. Freqüentamos o Maria Auxiliadora, em Canoas.

Faço o melhor possível, para seguir o seu exemplo. Deus o abençoe em outra dimensão de vida e a todos os pais, no dia de hoje, concedendo sabedoria, paciência e muita disposição para sermos pais presentes na vida de nossos filhos.

Aroldo Medina

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