quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Sem vesícula

Hoje em dia podemos separar a população humana entre aqueles que têm vesícula e os que não têm. Quem tem pode comer batatas fritas, pipoca com manteiga e costela gorda. E, naturalmente quem já extirpou o órgão estaria, em tese popular, condenado a uma indigestão ou mesmo a frequentar com mais assiduidade o banheiro, caso queira continuar saboreando as gostosas gorduras assadas ou mesmo fritas.

Não sei o que é mito ou verdade. O fato é que minha vesícula durou 50 anos. Fui feliz com ela até uma pedra nascer dentro dela. E foi uma pedra enorme. Bem maior do que a ecografia acusou. O médico garantiu que foi a maior que tirou de dentro de um ser humano. Quase do tamanho de um ovo de galinha garnisé. E, acrescentou o doutor que tive bastante sorte em fazer a cirurgia, pois, minha vesícula estava bastante inflamada. Outro aspecto que a ecografia não acusou. Mais uns dias de retardo da operação e a história poderia ser outra.

Na mesa de cirurgia me senti de braços abertos, como um antigo guarda de trânsito, enquanto era preparado para entrar na faca. Não vi nada. Acordei na sala de recuperação com o trânsito das camas que iam trazendo mais sem vesícula. E, as técnicas de enfermagem, atenciosas, logo que o paciente acordava, lhes traziam além do conforto da atenção aos enfermos, frascos com as pedras de cada um dos operados de todas as idades. Ali constatei que era o mais velho.


Pernoitei no hospital pensando qual seria o mistério das vesículas? Que segredo guardam umas para durarem tão pouco e outras um pouco mais, até uma vida inteira? Um sargento veterano ao meu lado, operado das pernas (varizes), com dois filhos de 22 e 23 anos sem vesículas, garantiu que foi o consumo exagerado de bolachinhas recheadas e de “burgers” que levaram suas crianças a guilhotina impiedosa do bisturi exterminador das jovens vesículas.


Enquanto o leitor desavisado como eu, não desvenda o mistério das vesículas é bom ir se prevenindo tendo uma alimentação saudável, evitando comer porcarias, não deixando de lado os exercícios físicos e não ficando sem se alimentar por períodos mais prolongados. Outra providencia importante são os “fast foods” e as churrascarias se prevenirem exigindo dos seus clientes, desde já, certificados de que seus consumidores são portadores de vesícula, para a venda de frituras e gorduras. Afinal de contas é melhor prevenir do que remediar.

Aroldo Medina

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