segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Madrugada atrai jovens pichadores.


Ao chegar em casa de madrugada, deparei-me com dois jovens andando de bicicleta na rua. Desconfiei que eram pichadores. Abordei-os como policial. A revista comprovou minha suspeita. Na mochila que carregavam, encontrei spray, uma lata de um quilo de tinta laranja e um pequeno rolo de pintura.

Peguei papel e caneta e determinei com voz de comando que me fornecessem seus dados pessoais corretamente e respondessem minhas perguntas sem vacilar nas respostas. Fui atendido. Gravei uma entrevista com os dois jovens que confessaram ser pichadores.

Em comum, tinham pais ausentes e que ignoravam o paradeiro dos filhos. Culparam as amizades pelo desvio de sua conduta. Prometeram mudar de vida. Ambos não tinham antecedentes criminais.

Enquanto conversava com os dois jovens incrédulos e com cara de arrependidos, com a noitada interrompida pela abordagem policial, passou um veículo particular em baixa velocidade nos observando, incarei-o com semblante sisudo, desencorajando sua parada. O motorista disse que era segurança. Quem sabe era! Em seguida, parou um outro veículo, com logotipia da empresa Inviolável e seu motorista desceu para acompanhar a situação. Agradeci. Mais uns minutos e chega ao local de minha abordagem, uma patrulha da BM. Os soldados desembarcaram, um veterano e dois novatos. Prestam apoio com disciplina e profissionalismo, após me reconhecerem.

Bonde 1: irreverência ou uma escola primária do crime?

Bonde 2: primeiros passos para uma carreira criminosa.

Major Medina

2 comentários:

  1. Quando andamos pelas ruas de nossa cidade olhamos a nossa volta tantos muros, paredes, viadutos e fachadas pichadas.

    O primeiro pensamento que vem na cabeça é quem suja e depreda a cidade com essas pichações não tem o que fazer. Mas tudo tem um porquê. As letras modificadas nas pichações parecem uma outra lingua. Adquirem destaque em meio a letras comuns. Uma sigla pichada em um muro, sempre tem um significado, um motivo, uma história.

    Normalmente as abreviações tem um nome. Este nome é de um jovem que se sente abandonado pelos seus familiares.

    Quando um jovem entra para um bonde ele ganha força, proteção e visibilidade no seu bairro. Ganha uma marca, um apelido que pichará pelas ruas. Quanto mais espalhar sua marca e mais transgressões públicas cometer, mais reconhecimento e "respeito" irá conquistar. Ganhando esse "respeito", ele se traduzirá em "terror" ou "temor", como queiram entre outros jovens. O "Comando do Bonde" vai recompensá-lo com roupas de marca, correntes e fotos com armas para ser ainda mais valorizado.

    Uma viagem pelo You Tube digitando "bonde" vai reforçar meu testemunho.

    Assim, o jovem integrante de um bonde vai se sentindo importante e ganhando cada vez mais admiradores que adotam sua conduta como modelo.

    Só caem na real quando normalmente já é tarde demais, quando pagam com a própria vida, nas brigas que ocorrem entre os bondes que disputam o "poder na cidade".

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  2. Toda a pichação é danosa. As intervenções urbanas como o grafitti são ainda uma parca modernização da expressão artística humana. Julgo no mínimo pobre e pretencioso ponderar isso como arte. Michelangelo fez arte, aleijadinho criou arte. Com mais espaços e debates sobre cultura e um investimento pesado de todas as esferas governamentais em educação, talvez possamos em 30 anos repensar estas questões sociais. Hoje se tolera uma pichação, amanhã um busto de bronze some...

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