domingo, 18 de outubro de 2009

Voto do Dia


"Voto do Dia" não deve ser confundido com "Dia do Voto".

O "Dia do Voto" deve ser sagrado. Pode também ser chamado de "Dia da Democracia", "Dia da Liberdade", "Dia da Independência" e tantos outros nomes que podemos dar. Estou me referindo, respeito opiniões contrárias, ao "Dia" que comparecemos nas urnas para votar, para escolher o nosso candidato nas eleições brasileiras que, espero, seja cada vez mais escolhido pelo seu caráter, pela sua competência e pela honestidade. Estes predicados, não dispensam outros é claro.

Conversando neste domingo, com um produtor do meio rural que conheci hoje, senhor Ari Bueno, morador de Nova Santa Rita (RS) tive uma aula de política aplicada nas eleições, por alguns candidatos. o Ari concorreu a vereador na última eleição. Infelizmente, não se elegeu. Lá no meio da nossa agradável prosa, no aniversário de um amigo, ele saiu com a definição de "Voto do Dia".

O "Voto do Dia" é como ele chama o comportamento do eleitor que troca o seu voto por um rancho, o pagamento de uma conta atrasada (água, luz, telefone, normalmente), a compra de um remédio que está precisando, uma carga de tijolos, uma caçamba de terra, pedras ou areia, louças de banheiro (pia e vaso), uma garrafa de cachaça, um churrasco, roupas, tênis, bonés, camisetas, promessas de emprego, sacos de cimento, cortes de cabelo, dinheiro em espécie, etc. O Ari, não enumerou toda esta lista. Falou só nos ranchos, distribuídos, durante e, principalmente, em véspera de eleição e no pagamento de contas e compra de remédios. O resto da lista é por minha conta mesmo. Já vi e ouvi todas essas propostas e outras impublicáveis, aqui mesmo no RS.

Não dá para esquecer também de mencionar a famigerada "boca de urna", dá um capítulo inteiro, mais ousada nas eleições municipais.

O Ari seguiu seu raciocínio dizendo que 80% dos brasileiros votam com a barriga. Na hora da eleição pensam apenas no que vão ganhar no "dia de hoje" e se esquecem do resto. Se esquecem de que serão governados pelos quatro anos seguintes pelos camaradas que fizeram essas "trocas" que cada leitor desta página poderá classificar este "negócio", com as palavras que achar mais convenientes.

Não vi intenção de ofender os brasileiros que "trocam" seus votos dessa maneira nas palavras do Ari. Vi apenas tristeza nos seus olhos, como quem compreende que aquelas pessoas são vítimas de sua própria falta de educação. Por outro lado, notei raiva em seu olhar quando falava nos "caras" que faziam o escambo narrado.

Em nossa conversa também falamos no Toninho, Antonio Alves, pedreiro de mão cheia, evangélico, um trabalhador braçal, um mestre de obras do mais alto gabarito. Homem de bem e de caráter. Morador de Nova Santa Rita também. O que o Toninho tem a ver com esta história? Ele concorreu a vereador em Nova Santa Rita, nas últimas eleições. Infelizmente, não se elegeu.

As conclusões e outras análises nesta narrativa que poderia ser um pouco mais estendida? Deixo por conta de cada um.

Aroldo Medina.

Fonte da charge

Um comentário:

  1. Quando eu li este artigo que muito sabiamente meu pai escreveu, me fez lembrar de um episódio que vivi na 6ª série do meu antigo colégio, o Rosário.

    Aquele dia de aula, seria um dia comum como todos os outros, mas não foi. Era dia de votação para eleger o representante da turma. Muitos colegas se candidataram. Mas teve um de meus colegas que chamou mais atenção. Reservadamente ele chamou eu e meus colegas e fez a seguinte proposta. Ofereceu para nós lanche grátis, por uma semana, se nós votássemos nele. O curioso é que colocou sua oferta não como uma forma de compra de voto e sim como uma maneira de agradecimento. Para minha surpresa, tive colegas que aceitaram aquele suborno.

    E agora faço a seguinte pergunta:
    - Se a corrupção começa em um ambiente de estudo, num colégio, o que será do futuro de nosso país? Pobre Brasil!

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