segunda-feira, 6 de julho de 2009

Aroldo na visão de Osório


Revendo alguns arquivos pessoais encontrei este texto do seu Osório. Tomo a liberdade de publicá-lo neste espaço, embora seja um pouco mais longo do que os textos habitualmente publicados em blogs. É o testemunho de um grande amigo, mestre e orientador permanente que visito toda vez que vou em férias para São Gabriel (RS). Seu Osório foi muito generoso com as palavras, o que aumenta minha responsabilidade moral com todos os que tiverem a bondade de lê-lo.

TEXTO DE POSSE NA AHIMTB E IGTFRS
Academia de História Militar Terrestre do Brasil e
Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore do RS

Colégio Militar de Porto Alegre, 26 de maio de 1999.


Saudação do Acadêmico Osório Santana Figueiredo ao acadêmico Aroldo Medina.


Serei sempre, sumamente grato, por ter sido convidado pelo nosso presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil, historiador, coronel Cláudio Moreira Bento, para apresentar o currículo do novo acadêmico desta Instituição, capitão Aroldo Medina.

Sigo a ascendência deste jovem escritor, desde sua adolescência. Seu pai, Ivo Medina, nosso contemporâneo, hoje de saudosa memória, residiu com sua família, no sub-distrito do Cerro do Batovi, município de São Gabriel (RS).

Foi lá, concorda Aroldo Medina, que a partir dos cinco anos, sentiu o fluxo de inspiração criadora, pela contemplação diária do lendário Cerro do Batovi. Sua visão solitária e dominante na lonjura da coxilha em volta, tem o encanto nostálgico da evocação distante de outras eras. É fascinante. Naqueles lugares hermos encontram-se pedaços marcantes da história do Rio Grande do Sul, da história do Brasil e da América do Sul. Seu chão está adubado pelo sangue dos guapos defensores das nossas fronteiras em luta com os espanhóis, pois, foi por aquele divisor de águas que passava a linha divisória entre Espanha e Portugal, determinada pelo Tratado de 1777. É também o local onde foi fundada a legendária cidade de São Gabriel, em 1800, igualmente conhecida como "Terra dos Marechais".

Todo aquele cenário telúrico, palco histórico do passado, criou tradições, inspirou lendas, gerou costumes locais, empolgando o menino Aroldo, que sentiu em si o despertar de um talento criador que inundou-lhe a alma e o cérebro imaginoso, com a curiosidade do saber, uma faculdade dos designados para serem os artistas das palavras que laminam as páginas dos acontecimentos e, registram a saga dos povos para a posteridade.

Temos que o historiador, como o escritor, são os tabeliães do tempo, sem os quais, os povos não teriam memória, nem fronteiras demarcadas, nem línguas definidas, nem definições simbólicas, nem a bandeira nacional, nem o cântico dos seus hinos, nem o sentimento pátrio, nem a consciência do passado, nem a noção do presente, nem o descortino do futuro. Uma turba desmemoriada, simplesmente.

Mas o criador, na sua sabedoria infinita, não os quis assim. E deu ao homem a inteligência criativa, dotando-o de vocações predestinadas, aureoladas pelo saber, a fim de alargar os conhecimentos do ser humano. Cremos sim, que todo aquele que cria, gera ou desenvolve uma obra em benefício da humanidade, está entoando um hino de exaltação à glória de Deus.

Aroldo Medina é filho do gabrielense Ivo Medina e de dona Nilva de Wallau Medina, prenda das missões. Nasceu em Santana do Livramento, à 31 de março de 1964. Possui uma filha, Natália Medina, porto-alegrense com dois anos de idade.

Ao revermos o currículo de Aroldo Medina, surpreendeu-nos sua ascensão literária, com uma produção fértil e permanente. Inovando, atualizando, construindo, participando ou associando-se àqueles que estão divulgando e difundindo as letras e a história rio-grandense, com pertinácia e determinação obstinadas. É um idealista que faz do seu trabalho, uma obra de aspiração nobre, eficiente e operoso.

Aroldo Medina após passar pelos estudos escolares, assentou praça no QG do V COMAR, em Canoas, grande Unidade da Força Aérea Brasileira. Depois, ingressou na Brigada Militar, como cadete, em 1986. Na Academia de Polícia Militar teve início, então, sua caminhada de propenção literária, sendo escolhido para ser diretor do jornal da agremiação estudantil dos cadetes. Durante as férias em São Gabriel, o cadete Medina veio a colaborar com o antigo Jornal "O Imparcial", buscando aprimorar sua vocação jornalística.

No ano de 1987, fundou o Jornal "O Espadim", órgão de informação oficial da SACFO (Sociedade Acadêmica do Curso de Formação de Oficiais da Brigada Militar). O periódico, teve larga aceitação entre os cadetes e a oficialidade da Corporação. Daí para frente alinharam-se as oportunidades onde vem desenvolvendo na área de imprensa, a par de incansável capacidade de organizar e produzir literatura de grandeza elucidativa, um grande trabalho de utilidade pública e de relevante conteúdo histórico.

Escreveu "Brigada em Revista", 1989; elaborou "Estatuto" para o movimento estudantil gaúcho, 1993, enquanto estudante de jornalismo na ULBRA, em Canoas. Foi um dos editores da revista "Hyloea" do CMPA, em 1995. Convidado, é um dos fundadores do atual "Correio Militar do Sul", órgão de divulgação oficial do Comando Militar do Sul e, atualmente, é o editor do "Manual da Brigada - Guia de Serviços do Comando de Policiamento Metropolitano".

Como oficial da Brigada Militar, integrante da Turma de Aspirantes 1988, vem procurando enaltecer sua Corporação com seu brilhantismo profissional, ao exercer funções dignificantes, como cadete na Academia de Polícia Militar, oficial de relações públicas, comandante de pelotão e secretário no 9º e 11º Batalhões de Polícia Militar, Companhia Independente da Restinga e Batalhão de Operações Especiais, e, atualmente, como analista do Centro de Operações Policiais Militares do Comando de Policiamento Metropolitano. Exerceu ainda, função de sub-diretor do Museu da Brigada Militar, por três anos e, trabalhou um ano como secretário do Instituto de Pesquisas da PM gaúcha. É acadêmico do Curso de Jornalismo na ULBRA (1991/1994), tendo freqüentado cadeiras de teoria da história no Curso de História na mesma Universidade, em Canoas. Tornou-se também responsável pela edição de jornais e revistas de temas técnicos, históricos e que narram o cotidiano de organizações militares, periódicos vinculados à Brigada Militar e Forças Co-irmãs, reconhecidos e apreciados por seus integrantes.

Esteve à disposição do Colégio Militar de Porto Alegre, por um período de seis meses, onde realizou relevante trabalho de valor histórico, na assessoria de comunicação social deste Estabelecimento de Ensino do Exército. Em 1995, como frisamos, participou da elaboração da Revista "Hyloea", edição de incalculável valor histórico que teve repercussão polêmica, sem consistência justificável. É correspondente do jornal "O Casarão da Várzea", órgão de divulgação oficial do Colégio Militar de Porto Alegre e articulista do jornal "Correio Militar do Sul".

Fez estágio na Companhia Rio-grandense de Artes Gráficas, sobre edição de jornais, livros e revistas, em 1987. Integra a diretoria da Revista Unidade, publicação de assuntos técnicos-científicos de Polícia Militar, desde 1991, ano em que lança seu primeiro livro, contando os 50 anos da Sociedade dos Cadetes da Brigada Militar. Em 1993, participa como cronista do jornal mais antigo de Canoas, "O Timoneiro", é correspondente da Associação de Diretores de Jornais do Interior do RS e exerce o cargo de presidente do Diretório de Estudantes de Comunicação Social da ULBRA. Em 1994, recebe o título e a insígnia correspondente de Colaborador Emérito do Exército, das mãos do Comandante Militar do Sul, General de Exército Délio de Assis Monteiro. Vem participando de vários encontros, seminários e congressos culturais, tanto no Estado do RS, como em São Paulo e Brasília.

Sem dúvida é um escritor por excelência, o escultor das palavras, capaz de perenizar atos e fatos na textura da linguagem escrita. Já dizia José de Alencar: "A palavra, esse dom celeste que Deus deu ao homem e recusou ao animal, é a mais sublime expressão da natureza. " - E, interpretamos nós que, se dado por Deus, esse dom literário, ninguém poderá tirá-lo.

A Academia de História Militar Terrestre do Brasil foi feliz e justa, ao incorporar entre seus membros o novo acadêmico, capitão Aroldo Medina, jovem escritor e historiógrafo que vem se impondo no campo literário por seus próprios méritos, uma esperança que se acentua cada vez mais, prometendo e será por certo, uma fulguração na literatura rio-grandense e brasileira. A Academia foi igualmente justa, ao empossá-lo na cadeira que tem por patrono, Hélio Moro Mariante, historiador de elevada grandeza, justamente porque o jovem acadêmico é o seu mais fervoroso discípulo, já desde sua época de cadete.

Almejamos que seja sempre assim: singelo na sua expressão, fidalgo na sua simplicidade, dinâmico na sua disposição, coerente com seu idealismo, predicados indispensáveis que ornam o caráter do homem devocionado ao engrandecimento cultural de seu povo.

Que Deus o inspire sempre às boas causas.


Osório Santana Figueiredo - Historiador

São Gabriel, RS, 26 de maio de 1999.

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