Nossa base se fundamenta na educação. A força vem do caráter. Trabalhamos com independência e liberdade. Postamos aqui algumas de nossas idéias, pensamentos e ações, construindo um diário público para que as pessoas nos conheçam. Identifiquem nossos ideais e sintam-se a vontade para caminharmos juntos, na realização de nossos sonhos coletivos. Deus ilumine nosso caminho.
quinta-feira, 9 de julho de 2009
A Brigada é a Geni
O jornal Zero Hora fez uma reportagem equilibrada sobre moradores de rua abordados pelo 9º BPM. A matéria publicada dia 18.04.08 suscitou manifestação da designer Kátia Ozório classificando o trabalho da Brigada como uma ação equivocada, em artigo veiculado no jornal Zero Hora, dia 19.04.08. A leitura da opinião da designer fez lembrar a música do Chico Buarque, Geni e o Zepelin. A Brigada atende todo mundo, nas mais diferentes situações. Além do policiamento ostensivo que procura fazer mesmo com pouquíssimas viaturas, brigadianos e brigadianas em número cada vez menor, estas as verdadeiras razões que fazem as pessoas esperarem em algumas ocasiões pela BM, atende desde ocorrências policiais, até os casos mais inusitados. Faz parto em viaturas quando faltam ambulâncias. A Brigada leva pessoas doentes para os hospitais, não cobra corrida e, o paciente que chega ao hospital acompanhado da polícia dificilmente fica sem atendimento. Requisitada nas emergências, doa sangue aos enfermos. Pega jacaré em quintal. Captura cobra dentro de casa. Vive prendendo bandidos, diariamente, que voltam as ruas na semana seguinte. Socorre pessoas acidentadas. Combate incêndios. Mergulha nas piores condições para procurar afogados. Salva incontáveis vidas nos verões ensolarados. Embrenha-se nos matos procurando desaparecidos. Já dirigiu ônibus e caminhão de lixo em Porto Alegre, em greves das categorias. Participa das Forças da ONU, em missões de paz. Vela seus inúmeros mortos tombados no combate ao crime. Entre tantas histórias, conto mais uma delas. Certa feita estava de serviço junto ao 190 e uma atendente me passa uma ligação, onde uma senhora pergunta se posso mandar uma viatura na casa dela para desligar o forninho do seu fogão. A senhora visitava uma amiga na zona norte de Porto Alegre e morava no Lami, zona sul. Havia esquecido o forninho ligado e deixado a chave da sua casa, na vizinha que não tinha telefone. Autorizei uma viatura ir desligar o forninho! Nos arredores de Santa Maria e Itaara chamam a Brigada para atender fenômenos envolvendo discos voadores. No interior de nosso Estado também chamam a Brigada para caçar “chupa cabras pampeiros” e outras feras que atacam ou dilaceram animais domésticos. Casa mal assombrada ou algum demônio que rouba o sossego público, ladrões de cemitério, lá também está a Brigada caçando fantasmas. Chamar a Brigada para tirar mendigo da rua, é mais uma, entre mil missões que a BM responde presente. Uma simples leitura do Decreto Lei 3.688 de 03/10/1941 – Lei das Contravenções Penais, artigos 37, 42, 59, 60, 61, 62 e 68 que tratam de perturbação do sossego alheio, mendicância, vadiagem, embriaguez, ofensa ao pudor, sujeira em lugar de acesso público, recusa de identidade, independente dos antecedentes criminais da pessoa abordada, dão amparo legal a BM para atender aos chamados das pessoas importunadas por moradores de rua que também respeitamos. Em meus 22 anos de Brigada só testemunhei a Corporação recusar uma “ocorrência”. Era semana da pátria e, alguém resolveu fazer “cocô” no palanque. Chamaram um soldado da Brigada para limpar. O soldado chegou, olhou para a “evidência” e arrematou com toda calma: “- É com o DMLU”! Deu as costas e voltou para o patrulhamento no seu posto. É por tudo isso que foi inevitável sentir um grande desconforto cultural como policial, ao ler a opinião da dona Kátia Ozório, opinião que me fez lembrar de imediato a letra da música do Chico e de todo o seu contexto, comparando-a com as missões de polícia e reescrevendo a letra em minha mente: “Joga a pedra na Brigada, Ela é feita pra apanhar, Ela é boa de cuspir, Ela atende qualquer um, Maldita Brigada”! Aroldo Medina.
Artigo publicado pelo jornal ZH em 24 de abril de 2008, página 28.
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