terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

ORLANDI MARTINS DE SOUZA




Manuseando os livros mais antigos de minha biblioteca doméstica, encontrei um livro do meu amigo Orlandi Martins de Souza, poeta brigadiano de saudosa memória.

Caminhava pelo pátio de nossa Academia de Polícia Militar, em Porto Alegre, em meados de 1989, quando o sargento Orlandi me abordou e foi logo dizendo: "- Tenente Medina. Me disseram que o senhor era meio metido a editor. Eu tenho um livro para editar. O que o senhor acha de editá-lo para mim?"

Curto que nem coice de mula, o sargento foi direto. Olhei para ele e, analisei-o. Constatei que era um gaúcho bem autêntico. Agradeci o "meio metido". Até acho que era mesmo. Pedi os originais para analisar. Recebi eles em seguida. Li e gostei do verso e da prosa do sargento.

Na época, a Casa das Lâmpadas comemorava 25 anos e estava com muita mídia na TV. Não pensei duas vezes. Fui lá falar com o dono, ali, bem no centro de Porto Alegre. Muito bem recebido fui direto como o sargento Orlandi. O dono fez o cheque na hora e disse: "- Manda fazer esse livro tenente". Fiquei impressionado com a atitude do dono da Casa das Lâmpadas. Era destino. Nunca fiz um livro tão rápido.

Cheguei na APM e dei a notícia ao sargento que dali já estava a caminho da CORAG (Companhia Riograndense de Artes Gráficas), com o dinheiro para editar o seu livro. O praça veterano ficou mais feliz do que cusco quando vê o dono. Era uma alegria só, da boca às orelhas.

Saiu o livro e ganhamos uma dedicatória, eu e o Botelho, meu braço direito nas edições da época. Fiquei emocionado com as palavras do Orlandi. Incutiram-me um dever cívico e moral ainda maior que me acompanhará para sempre.

Quiz o destino, apenas cinco anos após a edição do sonho do sargento Orlandi que plantou árvores, teve com sua esposa uma linda menina e escreveu um livro, que o Criador da Vida e dos Mundos, chamasse o veterano sargento da Brigada Militar para uma missão ainda maior, no plano celestial. O sargento, sua jovem mulher e sua filha com apenas um ano de vida pereceram juntos, num acidente de trânsito.

Que Deus e nosso senhor Jesus o tenham nesse momento ao seu lado, encantando os anjos do céu, com nossa querida poesia crioula.

Um abraço, do tamanho do Rio Grande, como diz o major Jair Euclésio Ely, de Passo Fundo, a todos dessa querência amada chamada Brasil.

Aroldo Medina.

2 comentários:

  1. Lembro-me dessa história como se fosse hoje. Pequenos gestos da tua parte e do proprietário da Casa das Lâmpadas(boa vontade em ouvir, despreendimento em pedir e em investir em cultura regional) redundaram na felicidade do extinto Sargento Orlandi. Parabéns, amigo Medina!

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  2. Darlan, fico sempre feliz com tua participação. Conferes legitimidade ao espaço porque és uma testemunha fidedigna por tradição. Sinto muito orgulho de tê-lo como amigo e colega de turma na Brigada. Obrigado pelo teu apoio e incentivo aureolado de energia positiva. Um abraço fraterno, Dom Quixote de Medina.

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